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Se Eu Tivesse Pernas, Eu Te Chutaria (2025): o colapso silencioso de uma mãe que ninguém vê
Com sua vida desmoronando ao seu redor, Linda (Rose Byrne) tenta lidar com a misteriosa doença de sua filha, o marido ausente, uma pessoa desaparecida e um relacionamento cada vez mais hostil com seu terapeuta.
Personagens
Linda- Rose Byrne: Protagonista — mãe, terapeuta, exausta, sobrecarregada. Todo o filme gira em torno de sua visão e colapso emocional.
Terapeuta de Linda- Conan O'Brien: Pessoa que deveria oferecer apoio psicológico, mas a relação com Linda se torna cada vez mais hostil, contribuindo para sua angústia.
Filha de Linda- Delaney Quinn (voz/menção; a criança raramente é mostrada): Sua doença misteriosa — e a dependência da sonda — é o gatilho central para o drama de Linda.
Charles (marido)- Christian Slater: Ausente e distante. Sua presença é reduzida a ligações críticas e falta de apoio — simbolizando abandono.
Caroline- Danielle Macdonald: Uma paciente de Linda — mãe que abandona seu bebê durante a sessão — usada como espelho do caos emocional e social que o filme aborda.
James (vizinho do motel)- A$AP Rocky: Representa elementos externos à família — personagens que passam pela vida de Linda, contribuindo para a ambiência de tensão, miséria afetiva e incerteza.
História
A trama gira em torno de Linda — terapeuta e mãe sobrecarregada — cuja vida se desmorona de várias formas ao mesmo tempo.
Pode Ver Sem Medo
If I Had Legs I’d Kick You (Se Eu Tivesse Pernas, Eu Te Chutaria), dirigido por Mary Bronstein e estrelado de forma devastadora por Rose Byrne, é um daqueles filmes que não oferecem respiro. Ele começa pequeno, quase tímido, como a rachadura no teto do apartamento de Linda — e então vai crescendo, se abrindo, se transformando em um abismo que engole tudo ao redor. Inclusive ela mesma.
Bronstein constrói um retrato honesto, incômodo e profundamente humano do desmoronamento emocional de uma mulher que tenta sobreviver enquanto tudo à sua volta (e dentro dela) se desfaz.
A história: quando a vida vira um buraco negro
Linda (Rose Byrne) é uma terapeuta irônica, exausta e completamente sobrecarregada. Ela tenta lidar com:
- a misteriosa doença de sua filha, que deixa a menina dependente de uma sonda e mergulha a família em desespero constante;
- o colapso literal e simbólico do teto de seu apartamento, que a força a se mudar para um motel decadente;
- um marido ausente (Christian Slater), que liga apenas para cobrar e culpar;
- uma terapeuta cruelmente indiferente, interpretada com um humor ácido e desconfortável por Conan O’Brien;
- e a demanda emocional de seus pacientes, que começa a sufocá-la quando ela mesma está à beira de uma implosão.
Bronstein não cria vilões claros, mas desenha com precisão como homens ao redor de Linda simplesmente não escutam, não enxergam o tamanho da montanha que ela tenta escalar. “Vocês estão me ouvindo?!”, ela grita — a frase mais dolorosamente universal do filme.
A médica da filha repete o mantra “não é culpa de vocês”, enquanto ameaça tirar a criança do programa de tratamento. É o retrato perfeito de como sistemas que deveriam amparar famílias acabam esmagando ainda mais quem já está desmoronando.
James, o quase-respiro — e o aviso do que está por vir
Em um desses dias impossíveis, Linda foge para uma caminhada noturna com vinho e um baseado na mão. É quando surge James (A$AP Rocky), seu vizinho do motel — alívio cômico, presença simpática, um daqueles encontros improváveis que parecem oferecer uma fagulha de esperança.
Por alguns instantes, acreditamos que ele pode ser a mão que puxa Linda de volta para fora do buraco.
Mas não — o filme nunca promete catarse. Linda acaba ferindo James também, repetindo o padrão de devastação emocional que a vida impôs a ela.
E esse padrão volta novamente quando uma paciente, interpretada por Danielle Macdonald, abandona o próprio bebê no consultório. A cena, que começa como choque absoluto, torna-se um espelho cruel do que Linda vive: como alguém tão esgotado pode continuar sendo o porto seguro de todos?
É um presságio, um aviso, um lembrete de que o peso que carregamos tem limites, por mais que a sociedade espere que mulheres, especialmente mães, permaneçam eternas e infalíveis.
A escolha mais poderosa: nunca mostrar a filha (até o final)
A diretora faz um gesto ousado: o rosto da filha só aparece no último minuto do filme.
Essa ausência visual transforma a criança em um fantasma: ouvimos seus choros, suas queixas, suas dores — mas não a vemos.
Isso amplifica a sensação de sufocamento e, ao mesmo tempo, impede que criemos culpa ou ressentimento em relação à menina. E ela nos irrita de forma profunda. O foco é a experiência de Linda, não a causa dela.
O impacto emocional: um filme sobre maternidade, exaustão e colapso mental
Você começa a assistir sem saber exatamente o que esperar. E, aos poucos, percebe que o filme não é sobre a doença da filha, nem sobre o teto caindo — é sobre Linda. Sobre o peso invisível que ela carrega todos os dias. Sobre tentar equilibrar:
- trabalho,
- maternidade,
- casa,
- casamento,
- crises,
- dor física,
- dor emocional,
- exaustão crônica.
E falhar.
Porque qualquer pessoa falharia.
A doença da filha, intensificada pela ausência de sua imagem, aumenta a agonia. O filme te coloca ao lado de Linda e te obriga a sentir cada aperto, cada lágrima, cada peso que ela carrega sem ter onde colocar.
O resultado é um retrato brutal da maternidade moderna — essa expectativa impossível de “dar conta de tudo” enquanto o mundo todo parece empenhado em te empurrar para o colapso.
Conclusão: um dos filmes mais dolorosos e necessários do ano
Se Eu Tivesse Pernas, Eu Te Chutaria é um filme difícil, denso, sufocante — mas extraordinariamente verdadeiro.
Rose Byrne entrega talvez a melhor interpretação de sua carreira, guiando um filme que não tem medo de mergulhar no lado menos romantizado da maternidade.
Ele não é sobre superação.
Não é sobre esperança fácil.
É sobre sobreviver quando ninguém percebe que você está afundando.
É cinema cru.
É cinema honesto.
É cinema que fica com você por dias.
Curiosidades
A cena do hamster é baseada em um incidente real com o filho do diretor.
Estrelado por Conan O'Brien em seu primeiro papel sério como ator em um filme.
O filme inteiro foi filmado em 27 dias.
Onde assistir?
O filme está nas plataformas digitais e chegará aos cinemas em janeiro/26.
Avaliações
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6,6
92%
7,5
Tags:
#filmes #drama #psicologico #misterioVisualizações:
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