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Balada de Um Jogador (2025) - Netflix aposta alto e quase perde tudo
Quando seu passado e suas dívidas começam a se aproximar dele, um apostador de alto risco que está escondido em Macau encontra uma alma gêmea que pode ser a chave para sua salvação
Personagens
- Lord Doyle (Colin Farrell): figura central do filme, arrogante externamente e frágil internamente. Vive duas faces: o “Lorde” que quer recuperar o controle e o homem quebrado que está perdendo tudo.
- Dao Ming (Fala Chen): mulher misteriosa ligada ao mundo dos cassinos, que se aproxima de Doyle com uma ambiguidade sedutora — será aliada ou armadilha?
- Cynthia Blithe (Tilda Swinton): investigadora particular, símbolo da culpa e das consequências que Doyle tentava evitar — sua chegada representa uma bifurcação narrativa: redenção ou queda?
História
O filme acompanha Lord Doyle (interpretado por Colin Farrell), um ex-advogado britânico que se vê afundado em dívidas — fruto de escândalos financeiros e uma vida de apostas — e decide fugir para os luxuosos cassinos de Macau, na esperança de enterrar ou redefinir seu passado.
Pode Ver Sem Medo
Colin Farrell afunda — e nos leva junto — em uma balada melancólica sobre vícios, solidão e suor em excesso.
“Balada de um Jogador” tenta equilibrar muita coisa ao mesmo tempo: uma história de fantasmas, um drama policial, e uma trama de jogos de azar de alto risco. O problema é que essas camadas nunca convergem de forma convincente. O resultado é um filme bonito de se ver, com atmosfera pesada e densa, mas emocionalmente distante.
Dirigido por Edward Berger — o mesmo de Nada de Novo no Front (2022) e Conclave (2024) — o longa parecia ter tudo para dar certo. Afinal, Berger vem de dois filmes extremamente elogiados, indicados ao Oscar, e com domínio técnico impecável.
Mas aqui, ele tropeça na própria ambição. É como se quisesse fazer um épico existencial sobre culpa e vício, mas se perdesse no meio de tanto brilho de cassino, fumaça e silêncio contemplativo.
Colin Farrell encarna Lord Doyle, um ex-advogado britânico em decadência que vive em Macau, atolado em dívidas e fugindo de um passado nebuloso.
Mas Doyle não apenas está em crise — ele está molhado. Sempre. Acorda molhado, dorme molhado, respira umidade. O suor escorre pelo rosto, pelo pescoço, e a câmera não perdoa. Parece que o personagem vive em constante febre, misturando suor, álcool e desespero.
Farrell está irrepreensível na atuação — e ao mesmo tempo, insuportável. Um personagem arrogante, autodestrutivo e viciado, que transita entre o charme decadente e a autopiedade mais grotesca.
O figurino ajuda a compor esse contraste: Doyle veste jaquetas de veludo, um bigode à la John Waters e um par de luvas amarelas da sorte que, ironicamente, nunca funcionam. O luxo e o colapso coexistem.
“Aqui, eu mal existo. Aqui, posso ser quem eu quiser.”
— Lord Doyle, em narração.
Mas será que ele realmente sabe quem é?
O homem que se autodenomina “Lord” vive num quarto de hotel sujo, devendo mais de 300 mil dólares de Hong Kong, e sobrevive entre uma jogada e outra no bacará, oscilando entre pequenas vitórias e abismos de desespero.
Os locais o chamam de gwailo — “fantasma estrangeiro” — e talvez essa seja a definição perfeita. Doyle é o retrato de um homem invisível, perdido entre a sorte e o castigo.
Doyle cruza o caminho de duas mulheres que, de formas diferentes, representam pontes para fora de sua ruína — ou apenas espelhos de seus próprios erros.
- Cynthia Blithe (Tilda Swinton): uma investigadora particular, enviada para cobrá-lo. Swinton interpreta com sua típica estranheza elegante, mas o roteiro lhe dá pouco espaço. É quase uma sombra, uma lembrança do que Doyle tenta apagar.
- Dao Ming (Fala Chen): hostess de cassino, charmosa e enigmática. Ela empresta dinheiro para jogadores como Doyle — ou seja, é parte do ciclo que o mantém preso.
Os dois compartilham olhares e uma estranha conexão, mas o romance é tão frio quanto o suor dele. “Você e eu somos iguais”, ela diz — mas não, Dao Ming é seca, lúcida e ainda acredita em controle. Doyle, por outro lado, está afundando e nem percebe.
Visualmente, Balada de um Jogador é deslumbrante.
As luzes de néon, os espelhos, o som das fichas caindo — tudo cria uma sensação quase tátil de decadência e glamour. Berger é ótimo em construir mundos esteticamente fascinantes, e aqui ele traduz o vício como algo belo e apodrecido ao mesmo tempo.
Você sente o cheiro da fumaça e da bebida, quase sente a umidade colar na pele.
É um filme bonito de se ver, mas difícil de se sentir.
Crítica e Opinião
Não há nada de errado em termos um protagonista antipático — na verdade, isso pode ser fascinante. O problema é quando o filme gira em torno dele sem nunca nos fazer entender por que deveríamos nos importar.
Farrell entrega tudo — suor, tensão, charme decadente — mas o roteiro o deixa à deriva.
“Balada” parece um filme que quer te dar uma lição moral: olha o que acontece com quem não controla seus vícios. Mas não há catarse, nem aprendizado. Quando termina, você se sente como começou: distante, indiferente e um pouco cansado.
O visual salva, a trilha sonora seduz, mas a narrativa… evapora.
A ambição é grande — o resultado, nem tanto.
Conclusão
Balada de um Jogador é um retrato de um homem em colapso — e talvez de um diretor tentando fazer mais do que o necessário. É visualmente hipnótico, cheio de simbolismos e metáforas, mas falta alma, falta conexão.
É como assistir a um cassino pegando fogo em câmera lenta: lindo, mas inevitavelmente vazio.
Curiosidades
A ambientação em Macau é significativa: a cidade é muitas vezes chamada de “Las Vegas da Ásia”, o que dialoga com o tema central de aposta, risco e glamour ilusório.
Este é o primeiro filme em que Colin Farrell e Tilda Swinton aparecem juntos desde Zona de Conflito (1999), que também foi o primeiro filme em que Farrell teve uma fala. Naquele filme, Farrell interpretou o namorado da filha de Swinton (enquanto que, neste filme, seus personagens são apresentados como tendo idades semelhantes).
A metáfora do jogo (bacará, cassino, fichas) serve como espelho da vida de Doyle: apostar, perder, tentar reverter, mas estar sempre a um passo do colapso.
A crítica faz menção a momentos visuais simbólicos — por exemplo, uma cena em que Doyle devora uma lagosta num restaurante sem mastigar direito é apontada como “uma metáfora perfeita” da sua condição.
A câmera que Blithe usa para tirar uma foto de Lord Doyle perto da mesa de cartas é uma Fujifilm XF1 com uma capa vermelha imitando couro. A câmera foi lançada 13 anos antes de Balada de Um Jogador (2025).
Adaptado do romance de Lawrence Osborne (embora a ficha indique “baseado no livro de” — o que sugere que a adaptação pode ter liberdade considerável).
Onde assistir?
O filme está na Netflix.
Avaliações
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5,8
48%
5,5
Tags:
#drama #misterio #thriller #crimeVisualizações:
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