O Poço 2 (2024)

Enquanto um líder misterioso impõe seu governo na Plataforma, um novo residente se envolve na batalha contra esse método controverso para lutar contra o sistema de alimentação brutal.

Resenha em Vídeo

Personagens

Milena Smit- Perempuán
Hovik Keuchkerian- Zamiatin
Zorion Eguileor- Trimagasi
Ivan Massagué- Goreng
Emilio Buale- Baharat
Gorka Zufiaurre- Preso Síndrome de Down
Natalia Tena

História

Para aqueles que não se lembram do primeiro filme ou não assistiram, O Poço se passa em uma estrutura vertical com 333 níveis, cada um abrigando duas pessoas. Uma plataforma cheia de comida desce diariamente, parando por alguns minutos em cada nível. O que torna a história perturbadora é que as pessoas nos níveis superiores comem à vontade, enquanto os de baixo recebem apenas os restos... ou nada. E assim, a sobrevivência passa de uma questão de comida para uma questão de moralidade, com cenas chocantes de canibalismo e desespero.

Essa premissa é uma crítica pesada às desigualdades sociais e ao egoísmo humano, e foi amplamente elogiada pela crítica na época.

Pode ver sem medo

Com o anúncio de O Poço 2, a expectativa era grande: será que a sequência traria mais respostas e aprofundaria a narrativa? Infelizmente, a tentativa de expandir o universo do primeiro filme parece ter se perdido. Enquanto o conceito original era simples e impactante, O Poço 2 complica a ideia central até o ponto em que perde parte de seu sentido.

A nova ruga adicionada à história é a introdução de uma "Lei" imposta aos prisioneiros. Segundo essa Lei, cada pessoa só pode comer o item que pediu na sua entrevista de admissão. A ideia é que, se todos respeitarem essa regra, todos conseguirão comer, do nível 0 ao 333. Mas, claro, a execução dessa ideia se torna impossível quando alguns decidem ignorar a regra, e a anarquia rapidamente toma conta.

Uma das questões mais confusas da sequência é a presença do senhor Trimagasi, personagem do primeiro filme. Como sabemos, ele morreu no original, então sua aparição em O Poço 2 causou certa confusão. O motivo é que a sequência, na verdade, se passa antes dos eventos do primeiro filme, criando uma espécie de "prequela".

Além disso, a introdução de um elemento religioso na narrativa – com um profeta cego e seus seguidores fanáticos – adiciona uma camada que não parece agregar muito à trama, mas que serve como uma metáfora adicional sobre o fanatismo e a cegueira da fé.

Embora a ideia da Lei e da tentativa de organização social seja interessante, O Poço 2 acaba repetindo o mesmo ciclo de falhas que vimos no primeiro filme. A luta pela sobrevivência é brutal e sangrenta, mas o filme não entrega muitas novidades em relação à crítica social ou ao desenvolvimento dos personagens. O conceito de que "as leis falham porque as pessoas falham" já estava bem estabelecido no primeiro filme, e a sequência parece apenas revisitar essa ideia sem expandi-la.

No final das contas, O Poço 2 pode ser uma experiência interessante para quem adorou o primeiro filme e quer ver mais desse universo distópico. No entanto, não espere as mesmas surpresas ou o impacto que o original trouxe. A sequência oferece mais violência, mais caos, mas pouca inovação em termos de narrativa.

Se você assistiu ao primeiro filme e se pergunta se vale a pena mergulhar no segundo, a resposta depende do quanto você está disposto a revisitar essa metáfora distópica, sabendo que o prato principal já foi servido em 2020.

Curiosidades

O personagem de Hovik Keuchkerian, Zamyatin, recebeu o nome de Yevgeni Zamyatin (também conhecido como Eugene Zamyatin), um engenheiro naval e escritor russo, mais famoso por seu romance de ficção científica distópico de 1921, altamente influente e amplamente imitado, "Nós", que se passa em um estado policial futurista.