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Limpa (Swim to Me 2025) - quando o afeto esbarra na desigualdade
Uma empregada doméstica e a garota de quem ela cuida se tornam muito próximas durante um verão turbulento, até que a distância entre seus mundos desencadeia uma reviravolta trágica.
Personagens
Estela (interpretada por María Paz Grandjean): protagonista, empregada doméstica / cuidadora- É o centro narrativo: é quem transita entre o mundo rural que deixou e a rotina do lar dos patrões.
Julia (Rosa Puga Vittini): menina sob os cuidados de Estela- A relação com Estela é chave: aproximação e dependência emocional geram tensão.
Mara (Ignacia Baeza): a mãe da casa / esposa do pai de Julia- Tem uma postura elegante, distante emocionalmente, e sua relação com Estela é marcada por paternalismo e limites sutis.
Cristóbal (Benjamín Westfall): pai / médico da família- Sua presença é mais simbólica: ensinou Julia a nadar numa cena marcante, e sua figura reflete ausências e expectativas.
Outros personagens secundários- Um empregado de loja / personagem externo aparece para provocar um contraste na relação de Estela com o mundo exterior.
História
Estela, uma mulher oriunda de um ambiente rural chileno, deixa sua terra natal para trabalhar como empregada doméstica numa casa de família abastada em Santiago. Além dos deveres domésticos, ela também cuida de Julia, uma menina de cerca de seis anos pertencente àquela família. Ao longo de um verão turbulento, Estela e Julia desenvolvem uma relação cada vez mais íntima, construindo um mundo secreto de cumplicidade. Porém, essa proximidade entra em tensão com as diferenças sociais e os limites implícitos entre patroa/patrão e empregada. Essa disparidade acaba gerando um desfecho trágico.

Pode Ver Sem Medo
Em 2025, a Netflix lançou o drama chileno Limpa (Swim to Me), dirigido por Dominga Sotomayor e inspirado no livro de Alia Trabucco Zerán. O filme acompanha Estela, uma empregada doméstica que dedica sua vida ao trabalho e à família para quem serve — até perceber que sua devoção é unilateral.
O longa, que estreia num momento em que produções latino-americanas têm explorado o universo doméstico como espelho da desigualdade social, é daqueles que começam sutis e terminam como um soco emocional.
Estela vive com a família formada por Cristóbal, Mara e a pequena Julia. É ela quem organiza a casa, prepara as refeições e cuida de todos, especialmente da menina, que depende de sua atenção constante.
Enquanto isso, sua própria mãe vive em uma vila distante, e Estela raramente consegue visitá-la por causa das obrigações do trabalho. Seu irmão Pedro está ausente, e apenas sua prima Sonia mantém contato, informando-a de como a mãe está.
Tudo parece seguir um ritmo rotineiro até que a mãe de Estela sofre um acidente grave e precisa ser operada. Desesperada para ir vê-la, Estela pede alguns dias de folga. Mas o casal, seus patrões, inventa desculpas: dizem que Julia não pode ficar sem ela, que não há quem a substitua, que “seria complicado agora”.
Nesse momento, Estela entende — ainda que em silêncio — que, por mais leal e presente que fosse, ela não passava de uma empregada para quem eles tinham apenas conveniência, não consideração.
Mesmo assim, ela engole o desgosto e continua. Cuida de Julia, ajuda nos treinos de natação da menina, vigia a casa e até encontra breves respiros ao conversar com Carlos, um conhecido do bairro, e brincar com Dadu, um vira-lata que aparece como símbolo de afeto simples e sincero.
Mas quando, finalmente, tudo parecia se acalmar e ela compra as passagens para visitar sua mãe, a notícia chega tarde demais. Sonia liga para contar que a mãe faleceu. Estela havia dedicado tanto tempo e amor àquela casa — e, no fim, perdeu a chance de se despedir da pessoa mais importante da sua vida.
Minha visão sobre o filme
Se, assim como eu, você costuma ler a sinopse antes de assistir, já imagina que Limpa caminha para um desfecho trágico. E foi justamente essa promessa que me manteve até o fim.
Mas o filme não entrega o drama de forma explícita — ele é quase introspectivo, construindo uma tensão emocional no silêncio, nos olhares e nas pequenas rejeições diárias.
O que mais me chamou atenção é a crítica social que o filme faz de forma delicada, mas profunda: o contraste entre classes, o afeto condicionado, a relação de dependência disfarçada de carinho.
No início, Estela encara Julia como apenas mais uma criança mimada e exigente. Mas, aos poucos, a menina se torna o escape da prisão emocional em que Estela vive. E, por outro lado, Julia passa a ver em Estela a figura materna que não encontra em Mara.
Essa troca cria uma relação de afeto sincero — e é justamente isso que torna a quebra de confiança da família tão dolorosa.
Quando a tragédia finalmente chega, não parece um evento isolado, e sim o resultado de feridas emocionais acumuladas, de uma relação em que o amor e o cuidado sempre foram unilaterais.
Confira o final explicado aqui!!!
Entre o realismo e o cansaço
O filme tem uma mensagem importante e um retrato humano muito verdadeiro, mas é preciso dizer: o ritmo é lento e contemplativo. Há momentos em que a história parece se arrastar, e algumas situações são previsíveis.
Mesmo assim, o desfecho, ainda que frustrante pela falta de explicação mais profunda, deixa aquela sensação inquietante de reflexão — sobre o valor do trabalho doméstico, o limite entre o amor e a servidão, e o peso invisível de quem vive sempre à margem.
Conclusão
Limpa (Limpia) é um filme que fala mais pelo silêncio do que pelas palavras. É sobre o cansaço de quem cuida sem ser cuidado, sobre os laços que unem e sufocam ao mesmo tempo, e sobre a solidão escondida nos espaços onde se serve o café e se arruma a cama.
Não é um drama de lágrimas fáceis — é um retrato incômodo, íntimo e necessário.
Um filme que te faz pensar não apenas sobre o que acontece na tela, mas sobre tudo o que passa despercebido na vida real.
Curiosidades
Dirigido por Dominga Sotomayor, o longa adapta (e “adota”) a premiada novela Limpia da escritora chilena Alia Trabucco Zerán.
A diretora Dominga Sotomayor defende que seu filme não é uma adaptação fiel, mas uma “adopção” da novela — ela retira partes do enredo original, como as formalidades judiciais, para focar mais na atmosfera e nos afetos.
Onde assistir?
O filme está na Netflix.
Avaliações
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5,3
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5,5
Tags:
#drama #misterio #netflixVisualizações:
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