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Monstro: A História de Ed Gein — o que é verdade e o que é ficção na série da Netflix
A nova temporada da franquia Monstro, criada por Ryan Murphy e Ian Brennan, mergulha na mente perturbada de Ed Gein, o assassino real que inspirou filmes como Psicose, O Massacre da Serra Elétrica e O Silêncio dos Inocentes.
Mas até que ponto o que vimos na série da Netflix é fiel à realidade?
Aqui está o guia completo do que é história real e o que é pura dramatização cinematográfica.
O que é real
- Os roubos de túmulos e o uso de restos humanos
Totalmente verdade. Ed Gein confessou ter exumado corpos em cemitérios próximos e usado partes para fabricar objetos macabros — como máscaras, tigelas e até móveis cobertos por pele humana.
- Os assassinatos de Bernice Worden e Mary Hogan
Comprovados. Gein foi condenado pelo assassinato de Bernice Worden, ocorrido em 1957, e assumiu também a morte de Mary Hogan, em 1954.
- A relação doentia com a mãe, Augusta
Fato histórico. Augusta Gein era extremamente religiosa e controladora, influenciando diretamente o comportamento e os delírios do filho. Essa relação foi um dos pilares da formação psicológica de Ed.
- O isolamento em Plainfield, Wisconsin
Verdade. Ed viveu praticamente toda a vida em uma fazenda isolada, mantendo pouco contato com vizinhos e sendo visto como um homem solitário e estranho.
Adeline Watkins existiu
Sim. Ela chegou a afirmar publicamente que teve um relacionamento com Gein, inclusive citando um pedido de casamento, mas depois recuou nas declarações, dizendo que a imprensa havia exagerado.- A influência no cinema de terror
Fato incontestável. As atrocidades de Ed Gein inspiraram diretamente Psicose (1960), O Massacre da Serra Elétrica (1974) e O Silêncio dos Inocentes (1991). A série acerta ao destacar esse impacto cultural.
O que é ficção ou exagero da série
- O assassinato do irmão Henry
Na série, Ed é mostrado matando o irmão com um tronco durante um incêndio.
Na realidade, a morte foi oficialmente considerada acidental, causada por asfixia durante o fogo. Não há provas de homicídio.
- A morte “macabra” da mãe
Augusta morreu de um derrame cerebral — sem qualquer participação violenta de Ed. A série dramatiza esse momento para acentuar o trauma psicológico.
- As festas nazistas e o erotismo mórbido
Criações visuais e simbólicas. Essas cenas não têm base factual, sendo alegorias sobre o fascínio de Ed por poder, morte e perversão — exploradas para chocar e representar sua deterioração mental.
- Relação longa e romântica com Adeline Watkins
A série transforma um breve envolvimento em um romance intenso que duraria décadas.
Na realidade, o contato foi pontual e nunca confirmado oficialmente como namoro.
- Uso de motosserra nos assassinatos
Pura ficção. Ed Gein nunca usou motosserra em seus crimes — essa é uma referência aos filmes inspirados nele, como O Massacre da Serra Elétrica.
- Conexões diretas com Hitchcock e o elenco de Psicose
Inventadas. A série usa esses encontros de forma simbólica, para representar a forma como Hollywood transformou o horror real em entretenimento.
Ed Gein ajudando na captura de Ted Bundy
A série insinua que Ed Gein teria colaborado com o FBI em investigações que levaram à prisão de Ted Bundy — ou que suas observações ajudaram na criação do perfil do assassino. Isso nunca aconteceu.
Na realidade, Gein foi preso em 1957 e morreu em 1984, A Unidade de Perfis Criminais do FBI (Criminal Profiling Unit) — oficialmente chamada de Behavioral Science Unit (BSU) — foi criada em 1972, dentro da Academia do FBI em Quantico, Virgínia.
Essa unidade surgiu a partir da necessidade de entender melhor os motivos e padrões de comportamento de assassinos em série, depois de uma série de crimes violentos nos anos 1960 e início dos 1970. Os principais nomes envolvidos na criação e consolidação foram:
- Howard Teten e Patrick Mullany – agentes pioneiros em psicologia criminal e ensino do perfilamento.
- John E. Douglas e Robert Ressler – tornaram-se os mais conhecidos, especialmente após realizarem entrevistas com serial killers famosos (como Ed Kemper, Manson, Bundy e Gacy) para desenvolver o sistema de perfis comportamentais.
- Curiosidade:
A BSU evoluiu com o tempo e, em 1985, passou a se chamar Behavioral Science Investigative Support Unit. Mais tarde, tornou-se parte do Behavioral Analysis Unit (BAU), que é o nome usado até hoje — popularizado pela série Criminal Minds. - Ou seja, quando Ed Gein morreu em 1984, a unidade já existia há 12 anos, mas ele nunca teve contato com ela. Essa parte é pura ficção, usada apenas como metáfora para conectar simbolicamente o “pai do horror moderno” com os assassinos que viriam depois. É um recurso narrativo, não um fato histórico.
- Número de vítimas exagerado
Em vários momentos, a série sugere que Ed matou dezenas de pessoas.
Na verdade, ele confessou apenas dois assassinatos. Os outros corpos encontrados eram de vítimas exumadas, não de homicídios.
Minha leitura
A série acerta ao capturar o ambiente sombrio e o impacto cultural dos crimes, mas erra ao misturar fato e fantasia de forma tão intensa que o público pode confundir o que é história e o que é invenção.
Ryan Murphy transforma Ed Gein em um símbolo do horror moderno, mas também corre o risco de glamourizar o inumano.
É uma obra provocante e bem dirigida — mas que exige olhar crítico de quem assiste, para não confundir análise com exaltação.
Baseada em fatos, mas repleta de ficção cinematográfica.
Murphy usa a história real como espelho do próprio fascínio humano pelo mal — e, nisso, o público vira parte do experimento.
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