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Gabrielle

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Eddington (2025) - um faroeste pandêmico sobre paranoia, política e caos social

Em maio de 2020, um impasse entre um xerife e um prefeito de uma pequena cidade gera um conflito entre vizinhos em Eddington, Novo México.

Personagens

  • Joaquin Phoenix como Joe Cross — o xerife local de Eddington, anti-máscaras e contra intervenções sanitárias, que decide concorrer a prefeito em meio à tensão social. 
     
  • Pedro Pascal como Ted Garcia — o prefeito (incumbente) da cidade, que tenta reeleição — inimigo político de Joe Cross. 
     
  • Emma Stone como Louise Cross — esposa de Joe, com conflitos pessoais e papel importante nas tensões domésticas que acompanham a crise política da cidade. 
     
  • Além dos protagonistas: o elenco também inclui Austin Butler, Luke Grimes, Deirdre O'Connell, Micheal Ward, entre outros.

História

Em 2020, com a pandemia de COVID-19 causando lockdowns e medidas como uso de máscara, a pequena comunidade de Eddington se polariza.  Joe Cross (xerife) se opõe às regras sanitárias e decide disputar a prefeitura contra o atual prefeito, Ted Garcia — o que acende tensões políticas, raciais, de classe e ideológicas na comunidade.  O filme retrata o desenrolar desse conflito: vizinhos se voltando uns contra os outros, radicalização, manipulação social, fake news, protestos, paranoia.

História

Pode Ver Sem Medo

Joaquin Phoenix encarna Joe Cross, o xerife da tranquila — e cada vez mais instável — cidade de Eddington, no Novo México. Joe é uma figura tragicômica: um homem que tenta impor autoridade, mas mal consegue espaço dentro da própria casa. Sua esposa, Louise (Emma Stone), mergulhada em teorias conspiratórias, o trata com uma mistura de desprezo e cansaço. A sogra, Dawn (Deirdre O'Connell), reforça o clima de hostilidade doméstica. No trabalho, a situação não melhora: seus dois delegados (Luke Grimes e Michael Ward) respeitam seu cargo, mas não necessariamente suas decisões. Para piorar, Joe insiste em bancar o negacionista justamente quando o uso de máscaras é uma questão de vida ou morte.

 

Apesar disso, Ari Aster não o retrata como um vilão unidimensional. Joe é um homem atrapalhado, teimoso e profundamente equivocado — mas também alguém que acredita estar defendendo a dignidade das pessoas, mesmo que de forma distorcida.

 

É nesse cenário tenso que Joe, num súbito impulso de orgulho ferido, decide se lançar como candidato a prefeito. Seu adversário é o atual gestor da cidade, Ted Garcia (Pedro Pascal), um político habilidoso, progressista e muito mais preparado para lidar com o caos que se aproxima. Aster, que cresceu no Novo México, utiliza a geografia social do estado como textura dramática: o atrito entre governo local, xerife, comunidades Pueblo e cidadãos comuns cria um mosaico de tensões que já estavam ali antes de qualquer lockdown.

 

Essas faíscas ganham combustível quando as medidas sanitárias da pandemia começam a dividir vizinhos, famílias e instituições. Protestos inspirados pelo movimento Black Lives Matter chegam à cidade. Líderes oportunistas, como Vernon Jefferson Peak — interpretado por um Austin Butler completamente fora da caixinha — surgem oferecendo respostas fáceis a mentes desesperadas. E tudo isso é amplificado pela internet, representada pelo centro de dados monolítico que está sendo construído na região: uma alegoria do poder, da vigilância e da manipulação. Como o próprio Aster descreveu: “é um faroeste, mas as armas são celulares.”

 

 

Um retrato do caos da pandemia — e da nossa própria insanidade coletiva

 

Eddington é guiado por uma pergunta incômoda: será que todos nós perdemos um pouco da sanidade durante aqueles primeiros meses surreais de 2020? As cidades vazias, o isolamento social, a radicalização digital, o consumo impulsivo, o medo constante… tudo isso moldou uma época em que os nervos ficaram expostos. O filme revisita esse trauma, condensando-o na rotina dessa cidade fictícia, que funciona como um espelho deformado — e às vezes assustadoramente real — da América durante a crise.

 

Aster mistura faroeste moderno, crítica sociopolítica e humor negro. Mas o resultado é um híbrido estranho: não é suficientemente tenso para ser um suspense, nem ácido o bastante para se firmar como sátira. Em vários momentos, parece que estamos apenas atravessando, junto com os personagens, aquele mesmo cansaço emocional e mental que todos sentimos naquela época.

 

 

Atuações, polêmicas e os momentos “fora da casinha”

 

A recepção crítica tem sido dividida — e isso faz sentido. Para alguns, o filme é ousado, provocativo e extremamente atual. Para outros, é caótico, irregular e tem dificuldade de costurar todas as ideias que apresenta. Mas há um ponto em comum: Joaquin Phoenix entrega uma atuação brilhantemente desconfortável. Joe Cross é aquele tipo de pessoa sem noção que, no final, desperta uma estranha compaixão.

 

Além disso, o filme tem momentos tão surreais que beiram o absurdo — como certas interações entre Austin Butler e Emma Stone — mas que, quando lembramos dos delírios coletivos da pandemia, acabam parecendo totalmente plausíveis.

 

Eddington também não tenta suavizar seu cinismo: o filme deixa claro que existe diferença entre satirizar oportunistas e reconhecer a legitimidade das causas sociais que surgiram naquele período turbulento. Aster opta por um olhar mais ácido, quase à moda de South Park, onde ninguém sai ileso.

Curiosidades

Ari Aster escreveu um roteiro de faroeste contemporâneo muito antes do início da pandemia de COVID-19 e inicialmente planejava que fosse sua estreia na direção. Ele tentou por vários anos viabilizar o projeto, mas acabou decidindo engavetá-lo e fazer de Hereditário (2018) sua estreia. Durante a turnê de imprensa de Beau tem Medo (2023), ele confirmou que este roteiro provavelmente seria seu quarto longa-metragem, e que foi atualizado para se adequar a uma perspectiva pós-2020.

 

O nome do data center "SolidGoldMagikarp" refere-se a um fenômeno em IA, onde certos comandos, como "SolidGoldMagikarp", exibem comportamentos incomuns e muitas vezes sem sentido quando processados ​​pelo modelo. Esse fenômeno surge da coleta inicial de dados, que parece trivial a princípio, mas, ao ser continuamente identificado e reforçado, o efeito se amplifica e se torna real, assim como no filme.

Onde assistir?

O filme está nos cinemas e nas plataformas digitais.

Avaliações

  • IMDB logo 6,6
    Rotten Tomatoes logo 69%
    PVSM logo 6,5

Tags:

#filmes #drama #thriller #faroeste

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