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Gabrielle

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A Mulher no Jardim (2025) - Quando o terror dá lugar ao luto, e o monstro mora dentro da própria casa

Uma mulher misteriosa aparece repetidamente no jardim de uma família, muitas vezes entregando avisos assustadores e mensagens perturbadoras, fazendo-os questionar sua identidade, motivos e o perigo potencial que ela pode representar.

Personagens

Ramona – A protagonista (Danielle Deadwyler)

Força, dor e coragem resumidas em uma mulher que não teve tempo de parar para chorar. Carrega consigo a dor física do acidente, o peso emocional do luto e o medo constante de falhar como mãe.
A interpretação é o coração do filme.

 

Taylor – O filho mais velho (Peyton Jackson)

Um adolescente tentando ser “o homem da casa”, mesmo não estando preparado para isso. Sua relação com Ramona é cheia de tensão, mas também de cuidado.

 

Annie – A filha caçula (Estella Kahiha)

Sensível, perceptiva e a primeira a notar que “a mulher” não é apenas uma sombra. Suas falas adicionam medo e inocência ao mesmo tempo.

 

A Mulher no Jardim (Okwui Okpokwasili)

Uma entidade? Uma pessoa real? Um aviso?
Sua presença muda o clima do filme instantaneamente. A forma como surge — sempre à distância, sempre fixa — é responsável por alguns dos momentos mais tensos da história.

 

David - O marido (Russell Hornsby)

O marido falecido no acidente de carro

História

Ramona é uma mãe solteira que ainda sofre com a perda do marido em um acidente de carro fatal que também a deixou com deficiência. Agora, ela precisa cuidar de seus dois filhos, Taylor e Annie. No entanto, quando uma mulher misteriosa vestida com um véu preto aparece em seu quintal, ela precisa fazer de tudo para proteger sua família.

História

Pode Ver Sem Medo

A Mulher no Jardim começa como se fosse um thriller sobrenatural, mas logo revela que é, na verdade, uma jornada dolorosa pela mente devastada de uma mulher tentando sobreviver a si mesma. O filme não tem uma grande trama ou grandes reviravoltas — é mais uma história que se desenrola devagar, quase como um ferimento que insiste em abrir de novo, mostrando camadas cada vez mais profundas de culpa, depressão e desespero.

 

Logo nos primeiros minutos entendemos o peso que Ramona carrega. Ela ainda sofre com a morte recente do marido, David (Russell Hornsby), que aparece em breves flashbacks. Ele morreu em um acidente de carro do qual Ramona sobreviveu — e o carro destruído, ainda estacionado no jardim como uma ferida aberta, reforça a culpa que ela tenta varrer para debaixo do tapete. É como se o passado estivesse literalmente parado na porta de casa.

 

Ramona acorda para mais um dia tentando ser mãe, mas a rotina já revela que ela está por um fio. A energia acabou, o celular descarregado, tudo fora do controle. Taylor, o filho mais velho, tenta ajudar, mas é apenas um adolescente que ainda tropeça na responsabilidade de ser “o homem da casa”. Annie, a filha mais nova, vive tentando acertar, mas até coisas pequenas — como escrever um “R” ao contrário — viram motivo para Ramona perder a paciência. É nítido: ela está ferida, cansada e emocionalmente quebrada, e os filhos sentem isso a cada minuto.

 

É nesse clima de exaustão que surge a mulher misteriosa, envolta em um manto preto, parada no quintal. Sempre olhando. Sempre mais perto. Taylor cobra uma reação da mãe, mas Ramona mal consegue enfrentar a própria vida, quanto mais uma estranha fantasmagórica aparecendo do nada. E, quanto mais o dia avança, mais aquela presença parece crescer, como se tivesse raízes na própria dor de Ramona.

 

A mulher não responde perguntas. Não explica nada. Só repete: “Hoje é o dia.”

 

A partir daí, o filme mergulha numa espiral de sombras, invasões, alucinações e memórias distorcidas. A mulher se aproxima da casa, manipula as sombras, invade cômodos, e é no meio desse caos que a verdade finalmente emerge: Ramona estava dirigindo no dia do acidente, e ele aconteceu após uma discussão sobre sua depressão e sua insatisfação com a vida na fazenda. Ou seja, seu luto não é só pela perda — mas pela culpa, pela responsabilidade, pelo medo de admitir que talvez ela mesma tivesse desistido da própria vida muito antes daquele dia.

 

O sobrenatural, então, se transforma em algo muito mais íntimo: a casa é tomada por visões, distorções de realidade e um “mundo espelhado”, onde Ramona consegue reviver um momento com David… ou pelo menos com a memória que ela escolheu carregar. E é aqui que entendemos o que a mulher realmente é: uma manifestação física da depressão profunda de Ramona. Algo que existia antes mesmo da tragédia.

 

A figura do manto não veio cobrar nada — ela veio atender um pedido.


Ramona não orava por força para superar o luto.


A mulher afirma, com frieza e precisão, que ela orava por força para acabar com a própria vida.

 

No mundo espelhado, a figura mostra fotos dos filhos crescendo felizes… sem a mãe. A ideia é cruel: Ramona seria um fardo, não uma proteção. E o filme caminha com coragem nessa linha tênue entre terror psicológico e desespero real, até o ponto em que Ramona finalmente acredita: “Hoje é o dia.”

 

Ela manda as crianças embora, pega o rifle, entra no celeiro e se senta ali, sozinha, cercada pelo vazio. O que acontece depois, o final de fato, fica aberto — e talvez seja essa a intenção: deixar o espectador sozinho com a mesma pergunta que corrói a protagonista.

 

E aqui entra a crítica inevitável:

 

A maior motivação para assistir ao filme é mesmo Danielle Deadwyler, que já havia brilhou em Piano de Família e mais uma vez entrega uma performance densa, vulnerável e cheia de nuances. Ela segura o filme com firmeza — mas, mesmo assim, a história é lenta, arrastada e perde força antes mesmo de se firmar como terror. O longa abre como um suspense sobrenatural, mas logo vira um drama sobre depressão e luto, contado de forma contemplativa e, por vezes, morna. Você acompanha tudo quase como um observador passivo, sem esperar que algo realmente vá explodir ou mudar de direção.

 

No fim, A Mulher no Jardim é menos sobre a criatura do quintal e mais sobre a criatura dentro da mente da protagonista. E, embora seja emocionalmente feito com cuidado, falta o pulso mais firme que o gênero pede para sustentar a tensão até o final.

Curiosidades

Quando Ramona e David saem do restaurante, o título do filme "O Espelho Tem Duas Faces" pode ser visto refletido na porta de vidro. Esse título espelha o enredo principal do ato final.

 

No final do filme, a penúltima cena é um zoom lento na pintura de Ramona. Na parte inferior, sua assinatura está invertida, indicando que esse "final feliz" é uma mentira e que ela ainda está no Mundo Invertido, não tendo retornado à realidade.

 

Tanto Annie escrevendo a letra "R" incorretamente/invertida como uma imagem espelhada da letra, quanto a letra "R" aparecendo invertida na marquise do cinema são alusões às várias cenas do mundo espelhado no filme.

Onde assistir?

O filme está no Prime Video.

Avaliações

  • IMDB logo 5,0
    Rotten Tomatoes logo 42%
    PVSM logo 5,0

Tags:

#filmes #terror #horror #suspense #drama

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