Meus 84 m² (Wall to Wall 2025) - Quando o sonho da casa própria vira um pesadelo

Personagens

• Woo-sung (Kang Ha-neul) – Um cidadão comum, perdido entre dívidas, frustrações e a constante sensação de derrota. Sua atuação transmite com precisão o esgotamento físico e psicológico de quem luta contra um sistema implacável.
   

• Colega de trabalho – Aparece como peça da engrenagem capitalista, incluindo aquele que oferece um investimento “milagroso” com retorno de 800% — o tipo de proposta que parece absurda, mas que muitos aceitam por desespero.

   

• Vizinhos invisíveis e indiferentes – Representam a falta de empatia e o isolamento urbano. Eun-hwa, a poderosa representante dos moradores do prédio, e Jin-ho, um vizinho de cima suspeito, mas empático.

História

Woo-seong, um homem que finalmente economiza o suficiente para comprar um apartamento, só para ver tudo se transformar em um pesadelo com ruína financeira e barulhos misteriosos nos andares vizinhos.

Pode Ver Sem Medo

O cinema coreano mais uma vez nos presenteia com uma obra que mistura drama, crítica social e um toque de suspense psicológico. Meus 84 m² (Wall to Wall), novo filme da Netflix, acompanha a decadência emocional de um homem esmagado pelo peso de um sistema imobiliário predatório e por uma sociedade que só valoriza quem possui bens materiais — mesmo que isso custe a sanidade.

A história: suor, dívidas e paredes que batem sozinhas

Woo-sung (vivido por Kang Ha-neul) é um trabalhador comum com um sonho simples — ter seu próprio apartamento em Seul. Mas como todos sabemos, a palavra “simples” não existe quando se trata de imóveis em grandes cidades. Mesmo após estourar seu orçamento com um empréstimo para conseguir o apartamento de 84 metros quadrados, o que era para ser uma conquista se torna um fardo.
 

Três anos depois, o mercado imobiliário desaba. Woo-sung está sozinho, endividado, deprimido e cercado por lixo e suor. Vive no escuro, sem ar-condicionado, mal se alimenta e se divide entre o escritório e o trabalho noturno como entregador. E, como se não bastasse, há um tum tum tum incessante vindo do teto — um som sem origem, sem explicação, que lentamente o conduz à loucura.
 

Ele tenta resolver o problema com os vizinhos e com a administração do prédio, mas só encontra portas fechadas e desculpas esfarrapadas. Descobre, enfim, que o prédio é tão mal construído que o som simplesmente ressoa pelas paredes — uma batida fantasmagórica que parece simbolizar o próprio sistema que o oprime.

Uma crítica social embutida no concreto

A grande força de Meus 84 m² está em sua crítica mordaz ao mercado imobiliário sul-coreano — uma realidade que espelha muitas outras ao redor do mundo. A promessa da casa própria, vendida como um objetivo de vida, se revela um pesadelo sufocante para a classe média. O filme também expõe a ganância do capitalismo, que faz as pessoas apostarem tudo por retornos impossíveis, mesmo que percam a si mesmas no processo.

Minha opinião

Gostei bastante da abordagem do filme. Mesmo com ritmo um pouco lento em certos momentos, o longa consegue prender a atenção e provocar reflexão. O cenário é simples, claustrofóbico, mas serve perfeitamente como metáfora para a prisão invisível que é viver em uma sociedade onde seu valor é medido pelo que você possui — e não por quem você é. É o tipo de filme que termina e deixa um eco na cabeça, como o tal tum tum tum que não nos abandona.

Meus 84 m² escancara que o verdadeiro terror não vem de fantasmas, mas do sistema: juros, dívidas, vizinhos insensíveis e uma sociedade que te aperta até caber num apartamento minúsculo e numa vida menor ainda.

Onde assistir?

O filme está na Netflix.

Avaliações

• 5,9
  64%
  7,0