Se você terminou Baramulla com o coração apertado, a cabeça cheia de perguntas e aquela sensação de “preciso entender isso direito”, relaxa: você não está sozinho.O filme mistura mistério policial, terror sobrenatural e trauma histórico — e entrega um final que é tão emocional quanto simbólico. Aqui vai uma explicação clara, completa e emocionalmente honesta do que tudo aquilo significou. A verdade sobre os desaparecimentos Durante todo o filme, acompanhamos o delegado Ridwaan Sayyed tentando descobrir o paradeiro das crianças sumidas. No início, tudo parece apontar para:sequestro,tráfico,ou recrutamento por militantes da região. Mas essa é apenas a primeira camada da história. As tulipas brancas encontradas nos locais, os ruídos na casa antiga e o comportamento estranho das crianças apontam para algo sobrenatural — e essa pista nunca foi acidental. A revelação: os espíritos da família Sapru A casa onde Ridwaan e sua família estão hospedados pertencia à família Sapru, hindus caxemires (Pandits) assassinados durante os conflitos dos anos 90.Seus espíritos não estão presos por ódio, e sim por sofrimento — e, surpreendentemente, eles não são os vilões. A grande reviravolta do filme é entender que:❗Os espíritos da família Sapru não sequestraram as crianças. Eles as protegeram. Quando as crianças tocavam a tulipa branca, elas eram levadas para um “espaço espiritual” seguro, escondidas da rede de militância que operava na cidade.Ou seja: enquanto vivos estavam em perigo, mortos as protegiam. Esse é o coração temático de Baramulla. O verdadeiro inimigo: a rede de recrutamento O lado humano e político do filme se revela quando descobrimos que:As crianças estavam sendo observadas e aliciadas por uma rede militante.A professora Zainab — alguém acima de qualquer suspeita — era a peça-chave dessa operação.Ela usava a influência nas escolas para aproximar os meninos dos militantes. Quando Ridwaan conecta as pistas, percebe que seus próprios filhos, especialmente Noorie, também estavam sendo alvo. O filme, então, abandona completamente a dúvida entre “fantasma ou assassino?”A resposta é: os dois existem — mas só um deles é uma ameaça real. Clímax: vivos contra vivos, mortos protegem vivos Na sequência final, a casa é atacada pelos militantes. Espíritos Sapru intervêm para salvar Ridwaan e sua família. Gulnaar é possuída por Eela Sapru e mata Zainab. Ridwaan enfrenta e mata Juneid, um dos líderes da rede. Quando os antagonistas humanos são derrotados, as crianças finalmente retornam — exatamente nos lugares onde desapareceram — vivas, confusas, mas a salvo. É aqui que entendemos:o sobrenatural do filme nunca foi a ameaça, mas a cura temporária. Epílogo: quando a memória encontra a redenção Meses depois, em Mumbai, a família Sayyed se encontra com Sharad Sapru, o único sobrevivente da família de 1990.Ayaan entrega a ele uma caixinha de conchas pertencente à irmã de Sharad — a última conexão física com a família perdida. Esse gesto funciona como:encerramento espiritual para os Sapru,reconhecimento histórico para a dor dos Kashmiri Pandits,e uma metáfora para a importância de lembrar o passado, não enterrá-lo. É um final silencioso, mas poderoso.O verdadeiro “fantasma” aqui não é uma aparição.É a história que nunca foi resolvida. O que o final quer dizer? Baramulla usa o sobrenatural como espelho de uma dor real:o trauma do êxodo dos Kashmiri Pandits, expulsos de suas casas nos anos 90, em meio à violência e perseguição. O filme deixa claro:O horror humano causou as mortes.O horror histórico gerou os fantasmas.Os fantasmas, movidos pela dor, escolheram proteger — não punir. E o delegado Ridwaan só entende tudo isso quando, finalmente, conecta:o passado do lugar,os crimes do presentee o sofrimento que nunca foi reconhecido. Por que o final é tão impactante? Minha opinião Eu simplesmente amo quando um filme ousa misturar entretenimento com história.Baramulla faz isso de um jeito corajoso:Ele começa como investigação, vira drama familiar, mergulha no terror…e termina com uma reflexão sobre memória, culpa e justiça que vai muito além da tela. O terceiro ato é emocionante.O plot final fecha tudo com perfeição.E o filme te leva, sem perceber, a pesquisar sobre um dos episódios mais dolorosos da Caxemira. É aquele tipo de obra que faz você pensar depois dos créditos.
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