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Éden (2024) - o paraíso que revela o pior do ser humano
Acompanha um grupo de pessoas movidas por um profundo desejo de mudança; para dar as costas à sociedade, elas deixam tudo para trás e estabelecem seu futuro na paisagem inóspita de Galápagos.
Personagens
· Friedrich Ritter (Jude Law): Filósofo idealista que abandona a Europa para escrever um manifesto sobre a sociedade e o homem. No entanto, aos poucos mostra facetas sombrias quando as tensões aumentam.
· Dore Strauch (Vanessa Kirby): Companheira de Ritter, portadora de esclerose múltipla, que busca cura e significado na vida isolada. Seu idealismo entra em choque com a realidade.
· Heinz Wittmer (Daniel Brühl) e Margret Wittmer (Sydney Sweeney): Casal que se junta à colônia com fé e trabalho — Margret grávida — e que acabam sendo pilares de resistência quando o ambiente se torna hostil.
· Baronesa Eloise (Ana de Armas): Personagem de poder agressivo e sedutor, chega com grandes planos — e acaba por perturbar a frágil ordem entre os colonos. Representa o choque entre utopia e capitalismo, entre idealismo e vaidade.
História
O enredo de Éden parte de uma premissa aparentemente idealista: indivíduos que, desiludidos com a sociedade europeia entre-guerras, buscam recomeçar em um lugar isolado, onde acreditam poder viver segundo novos valores. Mas esse sonho logo se transforma em pesadelo.
Pode Ver Sem Medo
Baseado em uma história real que parece saída de um pesadelo tropical, Éden (Eden) é o novo drama histórico de Ron Howard (Apollo 13, Uma Mente Brilhante.
O filme mistura elementos de thriller psicológico, sobrevivência e tragédia histórica, explorando o colapso de uma utopia nas paradisíacas, mas hostis, Ilhas Galápagos.
A história de Éden
Baseado em fatos reais, Éden começa em 1929, quando o Dr. Friedrich Ritter (Jude Law) e sua parceira Dore Strauch (Vanessa Kirby) deixam uma Alemanha devastada pela crise para as remotas Ilhas Galápagos.
O casal se estabelece na ilha Floreana com a intenção de viver um estilo de vida natural, longe dos males da civilização. Ritter, um homem que se considerava um filósofo iluminado, decide até remover todos os dentes e usar dentaduras de metal, como prova de sua dedicação à vida natural e ascética.
Dore, que sofre de esclerose múltipla, idolatra Ritter e acredita que a genialidade e os ideais do parceiro poderão curar sua doença. O relacionamento entre eles é tanto espiritual quanto sufocante — e logo se vê abalado pelo isolamento e pela realidade brutal do lugar.
Mas a solidão do casal chega ao fim em 1932, com a chegada de Heinz Wittmer (Daniel Brühl), sua jovem esposa Margret (Sydney Sweeney) e o filho adolescente Harry (Jonathan Tittel).
Eles haviam lido reportagens na Alemanha sobre as façanhas do “filósofo de Galápagos”, sem imaginar que se tornariam personagens de uma convivência tensa e amarga. Ritter e Dore, surpresos com a fama involuntária, reagem com hostilidade e desprezo, recusando-se a ajudar os novos colonos — numa tentativa cruel de fazê-los desistir.
Meses depois, o equilíbrio da ilha é completamente destruído pela chegada de uma figura explosiva: a Baronesa Eloise Bosquet de Wagner Wehrhorn (Ana de Armas), acompanhada de seus dois amantes — Robert (Toby Wallace) e Rudy (Felix Kammerer) — e de um criado, Manuel (Ignacio Gasparini).
A Baronesa, vaidosa e carismática, anuncia o plano de construir um hotel de luxo em plena ilha deserta, apropriando-se de recursos escassos e provocando um verdadeiro colapso moral entre os habitantes.
Com o agravamento da seca e a escassez de alimentos, o que era uma utopia rapidamente se transforma em um inferno de ciúmes, ganância, paranoia e sobrevivência.
Um paraíso hostil
O título “Éden” é uma ironia evidente.
Enquanto o Éden bíblico representava um paraíso verdejante, Floreana é rochosa, vulcânica e inóspita — com pouca água potável, pouca vegetação e animais selvagens rondando o território.
Howard usa planos aéreos amplos e uma fotografia em tons suaves para mostrar o contraste entre a beleza distante e a aridez brutal.
O diretor destrói qualquer ideia de “refúgio tropical” e transforma a paisagem em um espelho da condição humana: a natureza é bela, mas indiferente ao sofrimento humano.
Cada gole de água, cada pedaço de fruta, vira uma disputa de poder.
E o isolamento revela o que há de mais primitivo — e também mais patético — nas relações humanas.
Elenco e atuações
O elenco de Éden é um de seus maiores trunfos:
- Jude Law entrega um Ritter intenso e contraditório, um homem que prega o desapego mas é tomado pelo orgulho e pela vaidade.
- Vanessa Kirby é o coração emocional do filme — sua Dore oscila entre a devoção e a dor, trazendo profundidade a cada gesto.
- Daniel Brühl e Sydney Sweeney formam um contraponto humano e trágico, representando o lado mais simples e sofrido do sonho utópico.
- Ana de Armas rouba a cena: sua Baronesa é sedutora, manipuladora e absurdamente carismática — um turbilhão que arrasta todos à ruína.
Cada personagem parece perfeitamente escalado, reforçando o que o filme tem de mais forte: a performance do elenco.
Crítica e opinião
“Éden” é um filme sobre sobrevivência, mas também sobre a falência moral da humanidade.
Howard não entrega um suspense tradicional — e sim uma tragédia sobre a convivência humana, onde o maior perigo não vem da natureza, mas do ego, do orgulho e da necessidade de controle.
O ritmo pode parecer lento para alguns, e o tom às vezes vacila entre o drama e o delírio, mas o resultado é hipnótico.
Visualmente, o filme é deslumbrante e incômodo ao mesmo tempo: um retrato cruel de como a utopia desaba quando colocamos pessoas reais dentro dela.
O grande mérito de Éden está na força do elenco e no desconforto que provoca.
Cada personagem é uma lição sobre o fracasso da humanidade — e sobre como, mesmo tentando “recomeçar do zero”, as mesmas falhas sempre se repetem.
Mesmo tentando dar um restart, fica claro que a sociedade sempre falha miseravelmente nas relações.
E talvez seja essa a mensagem mais amarga e verdadeira do filme.
Conclusão
Éden não é sobre o paraíso.
É sobre o que acontece quando o ser humano tenta recriar o paraíso — e leva o inferno dentro de si.
Um filme que prende pela tensão e faz pensar pelo desconforto.
Cru, belo e profundamente humano.
Curiosidades
O filme foi anunciado em outubro de 2022 com o título provisório Origin of Species.
As filmagens ocorreram principalmente na Gold Coast, Queensland (Austrália), com uma unidade secundária registrada nas Galápagos.
A música é assinada por Hans Zimmer, colaborando com Ron Howard.
Aliás, não foi apenas Friedrich Ritter que teve todos os dentes extraídos antes de Floreana, mas também sua parceira, Dore Strauch. Ambos compartilhavam a mesma prótese de aço inoxidável para comer.
Jude Law realmente usou uma prótese metálica nos dentes durante boa parte das filmagens, para dar veracidade ao personagem.
Onde assistir?
O filme está no Prime Video.
Avaliações
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7,0
Tags:
#filmes #drama #suspense #thrillerVisualizações:
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