Ela Disse (2022) – Quando o jornalismo desafia o poder em Hollywood

Personagens

• Megan Twohey, interpretada por Carey Mulligan
   
• Jodi Kantor, interpretada por Zoe Kazan
   
• Rebecca Corbett (editora no NYT), por Patricia Clarkson
   
• Dean Baquet (editor-chefe), por André Braugher
   
• Vítimas e fontes, incluindo Laura Madden (Jennifer Ehle), Zelda Perkins (Samantha Morton), e vítimas reais como Ashley Judd e Gwyneth Paltrow, que aparecem como elas mesmas (voz)

História

She Said (título em português: Ela Disse) é um drama biográfico dirigido por Maria Schrader e escrito por Rebecca Lenkiewicz, baseado no livro homônimo de Jodi Kantor e Megan Twohey. O filme narra a investigação jornalística delas no The New York Times, que revelou os padrões de abuso e assédio sexual de Harvey Weinstein, catalisando o movimento #MeToo.

Pode Ver Sem Medo

Introdução
 

Ela Disse (She Said), dirigido por Maria Schrader, é mais do que um drama jornalístico — é o registro cinematográfico de uma das investigações mais impactantes do século XXI, que ajudou a expor anos de abusos cometidos pelo produtor Harvey Weinstein e impulsionou o movimento #MeToo. Inspirado no livro de Jodi Kantor e Megan Twohey, o filme mergulha na rotina exaustiva e emocionalmente desgastante do jornalismo investigativo, mostrando como persistência, coragem e ética podem derrubar gigantes.

A história
 

A narrativa começa em Irlanda, 1992: uma jovem caminhando com seu cachorro tropeça por acaso em um set de filmagem. Mais tarde, a vemos correndo pela rua, chorando e desfigurada pelo medo. Um salto no tempo nos leva para Nova York, 2016: Megan Twohey (Carey Mulligan), jornalista do The New York Times, atende uma ligação em casa. Do outro lado, Donald Trump a chama de “repugnante” por publicar uma reportagem sobre denúncias de má conduta sexual contra ele. Mesmo com provas sólidas, Trump é eleito presidente. A pressão aumenta quando Megan, grávida e no meio da rua, recebe uma ameaça de morte. A busca pela verdade, ela descobre, é ingrata e incansável.

Meses depois, Megan luta contra a depressão pós-parto. Sua colega Jodi Kantor (Zoe Kazan) recebe uma pista: a atriz Rose McGowan estaria escrevendo uma autobiografia onde acusa Harvey Weinstein de estupro. Os editores do Times, Rebecca Corbett (Patricia Clarkson) e Dean Baquet (Andre Braugher), juntam Jodi e Megan para a investigação.

As duas conversam com Ashley Judd (interpretando a si mesma), que relata ter sido assediada por Weinstein e sabotada profissionalmente após recusar suas investidas. Logo, outras vítimas surgem — todas com histórias perturbadoramente semelhantes. Mas há barreiras: acordos de confidencialidade que silenciam testemunhas em troca de compensações financeiras.

Entre as fontes mais importantes estão Zelda Perkins (Samantha Morton), disposta a entregar documentos, e Laura Madden (Jennifer Ehle), a mulher da Irlanda, que nunca assinou um acordo mas enfrenta uma batalha contra o câncer. Um momento-chave acontece quando batem à porta de um ex-diretor financeiro da Miramax e a esposa dele, surpresa, pergunta: “Que indenizações?”

O peso da investigação
 

Os telefones de Megan e Jodi não param. Entrevistas acontecem entre mamadas, piqueniques no parque e tarefas domésticas. Cada palavra precisa ser confirmada, cada documento verificado. É um jogo de paciência e precisão, onde qualquer erro pode comprometer não só a matéria, mas também as vidas das fontes.

O desgaste é físico e emocional: noites em claro, raiva contida, lágrimas silenciosas. A tensão cresce até a pergunta inevitável: “Já estamos prontas para publicar?” A resposta, repetida em suspense, finalmente se transforma em um “Sim” carregado de responsabilidade.
 

Recepção crítica
 

O filme foi elogiado pelo realismo e pela atuação marcante de Mulligan e Kazan, transmitindo a pressão e o peso moral do trabalho jornalístico. A crítica destacou o tom sóbrio, longe do sensacionalismo, como um acerto importante. Por outro lado, alguns apontaram ritmo lento e abordagem excessivamente procedural, o que pode afastar quem espera um suspense mais dinâmico.

Reflexão final
 

Com cada vez mais histórias assim vindo à tona, Ela Disse serve como alerta: é preciso acabar com a impunidade de poderosos que acreditam ter direito ao que quiserem, usando cargo e influência para subjugar mulheres. A coragem das vítimas e a dedicação das jornalistas mostram que a verdade, mesmo sufocada por décadas, pode encontrar seu caminho.

Curiosidades

Embora elogiado pela crítica e incluído nos melhores filmes de 2022 pelo American Film Institute, foi pouco rentável nas bilheterias.

Neste filme, Zelda Perkins (Samantha Morton) descreve como um Acordo de Confidencialidade (NDA) a impediu de tomar medidas contra o comportamento de Harvey Weinstein ou mesmo de falar sobre qualquer aspecto dele com familiares, amigos ou até mesmo médicos (incluindo terapeutas). Na vida real, Perkins se inspirou nessa experiência para cofundar uma organização chamada Can't Buy My Silence, dedicada a reduzir significativamente o uso e o abuso de NDAs, especialmente porque eram explorados no contexto da Miramax (para proteger abusadores e manter ambientes de trabalho perigosos).

O primeiro filme a ser filmado no prédio do The New York Times na Oitava Avenida e o primeiro a usar seus escritórios reais.

Nas semanas imediatamente após o escândalo #MeToo vir à tona, a ex-jornalista do New York Times, Sharon Waxman, alegou que o Times tinha conhecimento do abuso sexual de Harvey Weinstein.

Ashley Judd, Gwyneth Paltrow e Judith Godrèche, todas atrizes famosas que foram fontes importantes para as investigações das jornalistas do New York Times, Jodi Kantor e Megan Twohey, sobre Harvey Weinstein, interpretam a si mesmas neste filme.

Onde assistir?

O filme está na Netflix.

Avaliações

• 7,3
  88%
  7,8