Adolescência (2025): O Novo Drama Criminal Intenso da Netflix

Personagens

• Stephen Graham como Eddie Miller, pai de Jamie.
• Christine Tremarco como Manda Miller, mãe de Jamie.
• Owen Cooper como Jamie Miller.
• Ashley Walters como o Detetive Inspetor Luke Bascombe, responsável pela investigação.
• Erin Doherty como Briony Ariston, psicóloga clínica designada para o caso de Jamie.
• Faye Marsay como a Detetive Sargento Misha Frank, assistente na investigação.

História

A história gira em torno de Jamie Miller, um garoto de 13 anos acusado do assassinato de uma colega de escola. A trama explora o impacto dessa acusação na vida de Jamie e de sua família, além de acompanhar a investigação policial conduzida para desvendar o caso. A narrativa aborda temas como bullying, influência das redes sociais e os desafios enfrentados pelos adolescentes na era digital.

Resenha em Vídeo

Pode Ver Sem Medo

Escrito por Graham e Jack Thorne (com Brad Pitt a bordo como produtor executivo) e dirigido por Philip Barantini, cada um dos quatro episódios de Adolescence usa uma tomada contínua para contar sua história e acentuar ainda mais a dramaticidade.

O plano longo (single shot, long shot) consiste em uma sequência filmada em uma única tomada. Em outras palavras, não há cortes de edição ou quebras na tomada. Ele tem sido usado com pouca frequência porque é caro filmar dessa forma e, acima de tudo, porque o menor erro interpretativo quebra a tomada e todo o processo deve ser repetido. E nessa série você fica completamente hipnotizado pela coreografia e a consistência das performances. 

As interpretações são viscerais, em especial do pai, Eddie é interpretado por Stephen Graham que também é um dos roteiristas, e ele te passa uma veracidade , uma entrega emocional pura, e claro o menino Jamie interpretado por Owen Cooper, que parece um profissional de anos, conseguindo trazer a essência de um adolescente mas também mantendo a dúvida quando necessário sobre suas emoções e ações. Todos no geral te consquistam a cada cena, a cada fala interminável sem tirar o foco deles. É um show de atuações.

A trama de Adolescência se desenrola a partir de uma manhã devastadora para a família Miller. A casa é invadida por uma equipe de detetives britânicos liderada por Bascombe (Ashley Walters) e Frank (Faye Marsay), que prendem Jamie (Owen Cooper), um garoto de apenas 13 anos, sob a acusação de assassinato. Seus pais e sua irmã mais velha assistem incrédulos à cena, sem entender o que está acontecendo.

O primeiro episódio mergulha o espectador nesse choque inicial, acompanhando a operação policial, a chegada de Jamie à delegacia e seus primeiros interrogatórios. Ao longo dessas cenas intensas, tanto o público quanto a família Miller começam a compreender a gravidade da acusação, enquanto Jamie insiste em sua inocência.

Cara, é impossível não sentir o baque dessa cena. A câmera te joga no meio da confusão, e você se sente tão perdido quanto a família Miller. De repente, Jamie, um menino de 13 anos que ainda tem cara de criança, é arrancado da cama por uma equipe da SWAT. Você olha praquilo e pensa: “Não, isso não pode estar acontecendo”. Mas está.
 

E aí vem o pior. No caminho para a delegacia, ele está chorando, implorando, dizendo que não fez nada de errado. E você quer acreditar nele, quer gritar junto, mas tudo continua acontecendo como se fosse inevitável. Quando percebo, ele já está sendo fichado, colocado em uma cela. Um garoto. Preso. E a sensação que fica é só uma: isso não pode estar certo. Mas ao mesmo tempo você pensa que pra polícia agir dessa forma, eles sabem de mais coisas que nós! 
 

Conforme a minissérie avança, os episódios saltam no tempo para mostrar o desenrolar da investigação, revelando novos detalhes sobre o caso. No segundo episódio os detetives tentam reunir depoimentos de colegas de escola, e vamos acompanhar o interrogatório de Jamie. É muito chocante esse episódio, ver o que acontece na escola e no interrogatório o mundo do pai desmoronando o ver o vídeo do que o filho fez.

No terceiro episódio mais alguns meses se passam e Jamie é submetido a avaliações psicológicas conduzidas por Briony, é a quinta visita dela para fechar o relatório sobre o parecer do estado mental dele antes do julgamento. Esse episódio é o mais denso, Jamie e a psicóloga numa sala variando entre um bate-papo amigável e dócil a questionamentos com muita fúria e de forma assustadora. É uma montanha-russa de emoções. Aqui lembrou bem o episódio de Monstros: Irmãos Menedez, quando o episódio inteiro focou na conversa entre a advogada e Erik. 

O enredo também se aprofunda no impacto do caso na dinâmica familiar no último episódio, explorando como cada membro dos Miller lida com a situação à medida que o julgamento se aproxima. A destruição dessa família e a culpa que carregam ao ter que lidar com as consequências do que o filho fez e da esperança destruída ao filho decidir mudar seu depoimento.

A grande força de Adolescência não está apenas no mistério sobre o que Jamie fez ou não fez. Isso é importante, claro, mas é quase secundário diante de algo muito maior: a forma como a série escancara o turbilhão que é a adolescência nos dias de hoje. Tudo está ali – a masculinidade em crise, o bullying constante, a pornografia de vingança, a influência tóxica de figuras como Andrew Tate. A série não trata Jamie como um caso isolado, mas sim como um reflexo de um problema muito mais amplo e assustador.
 

O que ele fez foi um extremo, mas no episódio 3 fica claro que há algo muito além de um adolescente revoltado. É um jovem lidando com pressões, modelos distorcidos de comportamento masculino e uma cultura que empurra os garotos para um caminho perigoso sem que eles sequer percebam. Adolescência não fala apenas de um crime, mas sim de como esses meninos estão crescendo em um mundo que os molda de formas imprevisíveis – e muitas vezes destrutivas.
 

E para quem já trabalhou em escola, como eu, isso tudo ressoa de um jeito perturbador. O que a série retrata como um pesadelo parece tão presente nos corredores de qualquer escola que chega a ser doloroso de assistir. E, inevitavelmente, vem a busca por culpados. Sempre há uma explicação: "puxou o gênio difícil do pai", "é porque os pais se divorciaram", "o pai perdeu o emprego e a criança sentiu". Procuramos justificativas porque é difícil aceitar que, às vezes, simplesmente não há uma resposta simples.
 

A série explora essa dualidade muito bem. De um lado, temos o filho de um policial bem-sucedido, que não percebe o bullying que o garoto sofre até que seja tarde demais – e, quando finalmente percebe, tenta reparar os danos, criando um espaço para o filho se abrir. Do outro, temos Jamie, que cresceu em uma família presente, unida, preocupada com ele. Mesmo assim, seus pais se perguntam onde falharam. Mas essa é a questão: às vezes, mesmo estando lá, orientando e tentando fazer tudo certo, não é suficiente. Os adolescentes têm sua própria identidade, fazem suas próprias escolhas – e nem sempre essas escolhas seguem o que foi cultivado dentro de casa.
 

São reflexões pesadas, difíceis, sem respostas fáceis. Mas são reais. E Adolescência joga tudo isso na nossa cara sem anestesia.

Curiosidades

Cada episódio é filmado como uma única tomada contínua.

A Netflix traz esse experimento de uma única tomada para a televisão com a ajuda dos criadores da série Stephen Graham e Jack Thorne, e do diretor Philip Barantini, que dirigiu o filme de 2021 “Boiling Point” (também estrelado por Stephen Graham), um filme que chamou a atenção justamente pelo drama de uma única tomada longa.

Embora não seja baseada em uma história real específica, a série foi inspirada por diversos casos de crimes envolvendo adolescentes no Reino Unido, buscando refletir sobre as pressões e influências que os jovens enfrentam na sociedade atual. ​

Onde assistir?

Adolescência está na Netflix com 4 episódios.

Avaliações

• 8,4
  100%
  8,5